Transtornos mentais estão em crescimento enquanto o desenvolvimento de novas medicações psiquiátricas está em declínio. Esta estagnação em inovações também foi relacionada com debates intensos sobre os diagnósticos e explicações sobre transtornos mentais, conjuntamente constituindo uma crise paradigmática.

Uma inovação radical é a Psicoterapia Assistida com Psicodélicos (PAP): supervisão profissional do uso de ketamina, MDMA, psilocibina, LSD e ibogaína como parte de elaborados programas de psicoterapia. Resultados clínicos até o momento demonstraram segurança e eficácia, mesmo para condições consideradas "resistentes a tratamento", merecendo portanto atenção das comunidades de profissionais médicos, psicológicos e psiquiátricos. Mas além de novos tratamentos, o modelo da PAP também tem importantes consequências para os eixos diagnóstico e explanatório da crise psiquiátrica, desafiando as categorias nosológicas discretas e avançando novas explicações sobre os transtornos mentais e seu tratamento, em um modelo que considera fatores culturais e sociais, incluindo adversidades, trauma e o potencial terapêutico de alguns estados não ordinários de consciência.